Decorre esta semana na Escola EB 2,3 de Leça da Palmeira a SEMANA DA LEITURA que centrar-se-á na relação LEITURA - ENERGIA - FLORESTA, conjugando-se, deste modo, com a comemoração do Ano Internacional das Florestas e com a preocupação crescente com o ambiente e a sustentabilidade.
O Eco-Leça decidiu participar com a actividade Eco-leituras, que permitirá a leitura de alguns poemas com mote em temas do ambiente e a divulgação de livros existentes na nossa biblioteca.
Um dos poemas seleccionados:
Poema das árvores
As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
Como o vento soltam ais como se suspirassem;
E gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
e entretanto dar flores.
António Gedeão